terça-feira, 19 de junho de 2012

Os pirulitos de Dona Canô e as lembranças de minha infância...


Quando eu era criança, na cidade serrana de Guaraciaba do Norte, ( terra da atual Miss Ceará Milena Ferrer) onde morei boa parte da minha vida, sempre me deparei com guloseimas das mais variadas formas.
Lembro-me bem de tantas coisas gostosas que eu  comia, especialmente daqueles salgadinhos maravilhosos, que meu avô trazia da feira em sacos enormes - Eram simples, uma espécie de mini pastéis sem recheio, mas eu adorava; outra coisa deliciosa que ainda me recordo e me faz salivar até hoje,  e que se duvidar eu ainda consigo até sentir o cheiro no ar, são aqueles inesquecíveis sonhos portugueses (filhós no ferro – já postei a receita Clique aqui para ler) do meu aniversário de 3 anos.

Olha eu aí, usando suspensórios, no meu aniversário de 3 anos - o inicio das minhas memórias gustativas  (eu sempre achei que esta réplica da Monalisa me encarava - risos).
Nas épocas de festividades como festas juninas e a festa da padroeira da cidade – Nossa Senhora dos Prazeres (comemorada de 5 a 15 de agosto)., Guaraciaba parecia desencavar as receitas de família, que eram preparadas com esmero sendo levadas para serem vendidas nas barracas juninas ou nas da festa da padroeira e nos leiloes da igreja. 


Igreja matriz de Nossa Senhora dos Prazeres - Gba. do Norte - CE,
Pensando bem era justamente nestas duas épocas do ano que se poderia encontrar por lá os pirulitos “de papel” – era assim que a gente chamava eles naquela época. Na realidade tratava-se de pirulitos simples feitos de calda de açúcar que poderiam ser temperados com alguma essência e coloridos – para isso, naquela época se usava os sucos em pó, sobretudo o Q-Suco muito famoso na década de oitenta – e eram colocados pra secar em cones de papel oficio com um palito no centro.

Os pirulitos de mel
Vez por outra eu comprava desses pirulitos. E só não comprava  mais porque ele tinha defeitos:
Grudavam nos dentes – e eu ficava louco com isso, enfiava  a mão na boca a toda hora pra puxar o doce;
Por ser feito de açúcar, ganhava a forma de uma bala puxa-puxa ou endurecia e ficava difícil arrancar o papel – as vezes se chupava o pirulito com pedacinhos de papel por que eles teimava em não sair completamente;
E melava fácil – hoje sei o motivo disso, é que quem preparava os pirulitos não usava papel vegetal para fazer os conezinhos, e isso facilitava a meladeira de açúcar derretido.
Hoje quando me recordo daquele tempo dou boas gargalhadas. Dai eu  fuçando uns livros acabei encontrando a recita dos benditos pirulitinhos – que aproveito para passar para vocês com a indicação do livro no qual que a  encontrei sobre a culinária da matriarca dos Vellosos – Dona Canô.


O Sal É Um Dom: Receitas de Mãe Cano por Mabel Velloso,  Editora Nova Fronteira – 127 páginas, 2008
As receitas do recôncavo  baiano por Dona Canô

Nascida Claudionor Vianna Telles Velloso, a Dona Canô, respira esperança e mantém o olhar meigo mais vivo que nunca. Nasceu em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, teve oito filhos, entre eles os famosos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Seenhora sempre muito prestigiada pelo povo  baiano, Dona Canô sempre buscou fortificar suas raízes e exaltar o amor por sua terra, seus filhos e sua cultura.

Dona Canô
Foi pensando no exemplo da mãe que Mabel Velloso, uma das filhas, resolveu escrever o livro O Sal é um Dom – receitas de mãe Canô, cujo foco é preservar o legado da matriarca através das memorias gustativas, trazendo ao longo do livro as receitas de um legado culinário-afetivo.
 As páginas revelam a bases de sua cozinha: a fartura – por la sobrar comdia é sinald e desfeita;  carnes bem temperadas - “Nas carnes, sempre, hortelã, folha de louro, cebola, pimenta-do-reino e cominho”, escreve Mabel; os mimos culinários para receber os filhos -   “Caetano, quando chega, come bem devagar, saboreando a moqueca de tainha. A frigideira de maturi é quase sobremesa”; compoteiras sempre cheias de doces de frutas da estação. Sem falar numa invenção simples que adoçou a infância dos filhos e faz a alegria de netos e bisnetos: os pirulitos de mel de Dona Canô.
O Sal É Um Dom mostra  a comida quase como um membro da família Velloso. Nelse encontra patos de festa e para o dia-a-dia. Trazem ainda  as raízes da comida do recôncavo baiano – embora muitos deles possam er encontrados em qualquer outra mesa.
O livro mostra que comida pra ser boa tem que ser gostosa e não difícil. Traz receitas intercaladas com fotos e textos, onde se tira a conclusão que levou ao titulo do escrito:
Certa vez quando Dona Canô foi indagada por causa de uma receita, falou todos os ingredientes até que fora questionada sobre a quantidade de sal no que respondeu com o título do livro – o sal é um dom.  assim sendo, quem vai discordar da sábia senhora que já passou dos cem anos?

Pirulitos de mel - Receita extraída do livro O Sal é um Dom 
Ingredientes
2 xícaras de açúcar
Água que baste para cobrir o açúcar
1 colher de vinagre
1 colher de mel de abelha

Modo de preparo Prepare a calda, colocando a água, o vinagre – para não açucarar – e o mel e deixe ferver até dar ponto de fio. Despeje a calda nos canudinhos de papel manteiga, preparados com antecedência. Se quiser fazer o pirulito com outro sabor, em vez de mel, coloque queijo ralado, ou gengibre, ou calda da fruta que desejar, ou amendoim torrado e moído, ou, ainda, chocolate.

Obs.: Para fazer o canudinho, corte a folha do papel manteiga em quadrados de mais ou menos 10 centímetros, enrolando-os na diagonal. Para os canudos ficarem abertos, esperando a calda, acomode-os numa vasilha com farinha. Despeje a calda nos canudos e, antes de endurecer, coloque os palitos.

Um comentário:

  1. Eu amava esses pirulitos quando era criança!!! Tava procurando a receita pra fazer pro meu filho e nem acredito que encontrei!! Obrigada!
    Agora só falta eu encontrar a receita de chegadinha! ;)

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